O espanhol é a segunda língua mais falada no mundo e a terceira mais utilizada na internet. Também é a língua oficial do Mercosul e o idioma de quase todos os nossos vizinhos. Por isso, vem se tornando tão essencial quanto o inglês, seja no ambiente acadêmico, corporativo, político ou sócio-cultural.
Esses já seriam motivos suficientes para você dizer adeus ao portunhol e estudar de verdade a língua de los hermanos – com a vantagem de que para nós, brasileiros, o espanhol é um pouco mais fácil do que outros idiomas. Isso não significa que não será trabalhoso e que você vai aprender apenas ouvindo música e vendo séries na TV, pois para consolidar qualquer conteúdo é necessário foco, dedicação e tempo de estudo. Porém, o fato de sermos falantes nativos de português nos coloca alguns passos à frente.
Além disso, penso que estudar espanhol é muito mais do que tornar-se capaz de se comunicar nesse idioma: durante o processo de aprendizagem, você vai poder conhecer a história dos povos que falam essa língua, seus costumes, sua música, sua literatura, seu cinema, sua culinária e muito mais.
Você vai descobrir que venezuelanos e colombianos “brigam” para definir quem prepara as melhores arepas, assim como argentinos e uruguaios juram que o melhor doce de leite do mundo é o seu. Que chilenos e peruanos prometem que em seu país você vai provar o melhor pisco sour da vida; que equatorianos comem ceviche com pipoca; que brasileiros são os únicos que comem abacate com açúcar… e que os espanhóis se dividem em dois grandes grupos: os que colocam cebola na tortilla e os que não! 😀
Você vai ler Eduardo Galeano e querer ter sido amigo(a) dele para passar horas e horas conversando, admirando-o e tentando entender como a pessoa lúcida e racional que escreveu “As veias abertas da América Latina” pode ser, ao mesmo tempo, a pessoa sensível que escreveu “O livro dos abraços“.
Vai aprender que a música argentina é muito mais do que tango, que existe música mexicana que não é tocada por mariachis e que cueca é uma dança tradicional chilena! E vai descobrir que várias músicas que você canta em português são, na verdade, versões de canções em espanhol! Já ouviu De Música Ligera e Tengo ? ♫♫
Ao assistir filmes de diferentes países, você vai notar as diferenças de sotaque, de ritmos de fala, de gírias, de expressões, de costumes… e vai ver que embora isso seja um pouco assustador (spoiler: é impossível saber tudo de todos os países!), é justamente essa gigantesca variedade que torna o espanhol uma língua tão rica! E por falar em filmes: a gente adora o Ricardo Darín, mas você vai descobrir que existe sim filme argentino sem ele – acho que são poucos, mas existem! 😀
Você finalmente vai entender o que a Shakira canta no refrão de Estoy Aquí, vai saber cantar (além de dançar) Macarena nas festinhas e, quando já estiver no nível super hiper mega avançado, vai conseguir assistir Chaves e Chapolin na versão original e sem legendas – no contaban con mi astucia! 😀
Enfim, talvez você comece a estudar espanhol apenas “porque precisa para o trabalho ou para a faculdade”, mas ao final do processo, certamente vai perceber o quanto aumentou sua bagagem cultural e o quanto você aprendeu sobre o outro. Qual a vantagem disso? Quando expandimos o nosso olhar para além daquilo que estamos habituados, constatamos que existem outros modos de agir, de pensar e que a nossa verdade não é a única possível. E quando conhecemos outras visões de mundo, desconstruímos estereótipos e derrubamos preconceitos. E como consequência, temos: mais compreensão, mais respeito, mais empatia, mais tolerância. 😉
Vamos começar, então?
Paulistana praticante, mas que atualmente vive entre São Paulo e Minas Gerais. Curiosa, observadora, detalhista e persistente. Viajante incansável, leitora voraz, apreciadora de cafés e vinhos, fã de Tarantino e Almodóvar. Tia babona de um sobrinho lindo e que não abre mão dos bons momentos com a família e os amigos. Dizem que sou um pouco brava – mas acho que é intriga da oposição! Cidadã do mundo – não por já ter visto muito dele, mas pela vontade gigantesca de conhecê-lo e por acreditar que o idioma é uma ferramenta fundamental para isso.